top of page

Taylor Swift reclaims her land: por que a artista está regravando seus seis primeiros álbuns?

  • Maria Eduarda Galvão
  • 28 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 2 de ago. de 2024



Taylor Swift is the music industry”. A frase dita pela apresentadora e jornalista Barbara Walters em 2014 envelheceu como o melhor dos vinhos. Vencedora de 12 Grammys, 40 American Music Awards (incluindo Artista da Década em 2019), 29 Billboard Music Awards, nomeada Mulher da Década pela Billboard Women In Music em 2019 e Compositora da Década pela Nashville Songwriters Association International, Taylor Swift é, de longe, uma das maiores artistas que o mundo já viu. Com 17 anos de carreira e 10 álbuns de estúdio, a cantora de 33 anos vem desafiando as regras da indústria da música há bastante tempo e agora, mais do que nunca, ao regravar seus seis primeiros álbuns. 


A Taylor de 15 anos jamais imaginaria o problema que enfrentaria um pouco mais de uma década depois de assinar seu contrato com a gravadora Big Machine Records: seu catálogo seria vendido - e não para ela. Em 2019, em meio à promoção do seu sétimo álbum de estúdio Lover, Taylor recebeu a notícia de que a Big Machine, com a qual seu contrato de treze anos encerrou no ano anterior, seria vendida e, junto com ela, suas masters (nome dado às gravações originais dos artistas). Em carta publicada nas redes sociais, Taylor afirma que “Por anos eu pedi, implorei por uma chance de possuir meu trabalho. Em vez disso, me foi oferecida uma oportunidade de assinar novamente com a Big Machine Records e 'ganhar' um álbum por cada novo que eu entregasse. Eu recusei, porque eu sabia que uma vez que eu assinasse aquele contrato, Scott Borchetta venderia a gravadora e, assim, me venderia e venderia meu futuro” (tradução livre para o português). Essa declaração explica por que a cantora assinou, ainda em 2018, com a Republic Records um contrato que, diferentemente do anterior, permite que ela seja dona de seu trabalho produzido a partir de então - mas isso não mudou a situação do seu trabalho anterior, que continua em mãos que não são dela.


Diante do contexto de venda dos direitos sobre suas masters, Swift só encontrou uma saída para recuperar anos de trabalho: regravar seus seis primeiros álbuns (Taylor Swift, Fearless, Speak Now, Red, 1989 e Reputation). A decisão da artista levantou discussões acerca do direito dos artistas de serem donos do próprio trabalho e chama a atenção de novos artistas para que eles não se deixem levar ao mesmo erro - a cantora de 20 anos Olivia Rodrigo, por exemplo, que assinou com a Interscope aos 17, garantiu que ela fosse dona das suas masters desde o começo de sua carreira.



ree

Taylor em sua performance na premiação American Music Awards em 2019, utilizando uma camisa com o nome dos seus primeiros seis álbuns em protesto à primeira venda de suas masters.

Fonte: Tommaso Boddi/Wirelmage


Embora pareça estranho pensar que um artista não seja dono da sua própria arte, isso é mais comum do que se imagina, especialmente na indústria musical. O direito autoral sobre música nos Estados Unidos divide-se em dois campos: musical composition (composição musical) e master/sound recording (gravação de som). O primeiro corresponde à letra ou à composição subjacente à música, englobando os compositores e liricistas, enquanto o segundo se refere à performance gravada dessa, abarcando o performer e o produtor. No caso de Swift, ela possui os direitos autorais sobre a composição e sua antiga gravadora, sobre as masters. Mesmo que a cantora possua parte do controle para o uso de suas músicas em projetos (filmes, comerciais, jogos), que exigem a chamada “licença de sincronização”, visto que esse tipo de licença exige autorização por parte tanto daquele que possui os direitos da musical composition (Taylor Swift) quanto dos que possuem os direitos das masters (Big Machine Records), podendo evitar esse uso, a artista não possui controle sobre suas gravações originais, sobre seus vídeos e capas dos álbuns, e nem sobre a venda desses direitos, que ocorreu novamente no final de 2020 para a empresa Shamrock Holdings.


Como Swift é dona da composição musical, ela pode regravar suas músicas sem impasses legais, apenas precisa respeitar as cláusulas do seu contrato com Big Machine - o que ela vem fazendo. Primeiro, os álbuns só podem ser regravados passados cinco anos dos seus respectivos lançamentos (como o último foi Reputation, lançado em novembro de 2017, Taylor, desde o ano passado, está livre para regravar todos eles). Segundo, de acordo com o TMZ, o contrato possui uma original production clause (cláusula de produção original), que impede a cantora de fazer suas músicas soarem exatamente como as antigas, razão pela qual Taylor vem efetuando algumas pequenas alterações nas regravações. 


Com a adição de “Taylor’s Version” ao final de cada canção e nome de álbum, deixando claro quais são as músicas que pertencem a ela, Swift lançou, em 2021, as regravações dos seus segundo e quarto álbuns de estúdio, Fearless e Red, ambos bem recebidos e aclamados pela crítica, e o último rendendo três indicações ao Grammys (e uma vitória) para a cantora. A próxima regravação lançada será a do seu terceiro álbum de estúdio: Speak Now e foi anunciada no último dia 05, durante o show de Swift em Nashville, Tennessee. Quanto ao lançamento seguinte, não se sabe. Independentemente disso, uma coisa é certa: Taylor está lutando pelo seu trabalho e chamando atenção para o direito dos artistas de serem donos de sua própria arte como, arrisco dizer, nunca antes feito. And that’s a real fucking legacy.






Comentários


bottom of page