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Pablo Marçal: uma ameaça real?

  • Maria Júlia Moreira
  • 4 de set. de 2024
  • 3 min de leitura

Como o fenômeno Pablo Marçal tem chacoalhado a corrida pela prefeitura de São Paulo.


Candidato Pablo Marçal com a inscrição ao lado: "M na cabeça".
Ilustração: Vinicius Demarzo

Maria Júlia Moreira


A corrida pela Prefeitura de São Paulo ganhou um novo protagonista: Pablo Marçal, influenciador digital e ex-coach, que surpreendeu ao crescer rapidamente nas intenções de voto e ameaçar os favoritos da disputa.


Com uma ascensão meteórica, Marçal ocupa o terceiro lugar nas pesquisas, com 16,3% das intenções de voto, segundo o último levantamento da AtlasIntel. Essa guinada perigosa coloca o candidato à frente de nomes tradicionais e conhecidos, como a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que registram 12% e 9,5%, respectivamente.


Mas Pablo Marçal não surge na disputa pela prefeitura de São Paulo de maneira completamente inesperada. Seu  histórico como coach lhe rendeu fama nas redes sociais, consagrando-o como influenciador digital. 


Com o início do período de propaganda eleitoral, ele tem se destacado por uma campanha que foge do convencional: seu estilo é bastante combativo, principalmente nas redes sociais. Sua habilidade de transformar debates em momentos virais vem atraindo a atenção do eleitorado da direita mais jovem e conectada, principalmente de parte dos seguidores de Jair Bolsonaro.


Segundo especialistas, a estratégia de Marçal é trazer o debate político para seu "território" nas redes, onde ele se sente mais à vontade e tem maior domínio.


Apesar do sucesso, a candidatura de Marçal enfrenta controvérsias, já que o influenciador, recentemente, foi alvo de uma operação da Polícia Federal. A PF o investiga por crimes eleitorais, incluindo falsidade ideológica e lavagem de capitais. 


Em resposta, Marçal se declarou vítima de perseguição política e reiterou seu sonho distante de ser presidente da República. Vale a pena relembrar que, em 2022, ele tentou concorrer à Presidência pelo PROS, mas teve sua candidatura retirada pelo partido. Após uma disputa na justiça, o partido decidiu, por fim, dar apoio ao então candidato  Luiz Inácio Lula da Silva.


A entrada de Marçal no pleito municipal mudou a dinâmica da eleição paulistana: até então, a corrida era liderada por Guilherme Boulos (PSOL), hoje, segundo pesquisa Datafolha, conta com 23% das intenções de voto, seguido por Pablo Marçal, com 21%. Tal dado indica o crescimento avassalador do influenciador digital em relação ao atual prefeito da cidade, que perdeu até 4 pontos percentuais de suas intenções de voto, ocupando, agora, o terceiro lugar nesta corrida, com 19%. 


Pablo Marçal pode, à primeira vista, não parecer uma ameaça significativa devido ao caráter polêmico e, por vezes, vexatório de suas falas em debates políticos. No entanto, subestimá-lo seria um erro, pois, como temos acompanhado pelas últimas pesquisas, ele vem conquistando uma fatia expressiva do eleitorado paulistano.


Seu crescimento demonstra que ele tem conseguido transformar a sua popularidade digital em um potencial eleitoral concreto, e, se continuar nesse ritmo, Marçal pode, sim, surpreender e se tornar o próximo prefeito de São Paulo, desafiando todas as expectativas políticas. 


Seja como for, com sua influência nas redes e a continuidade da polarização política, Pablo Marçal já deixou sua marca na disputa pela prefeitura de São Paulo, mostrando que, em um cenário político cada vez mais marcado pelo contexto digital, o caminho para o poder pode ser traçado de maneiras cada vez menos convencionais.


No final, a dúvida que resta é se, no desenrolar das próximas semanas, Marçal conseguirá transformar sua popularidade virtual em uma força eleitoral real, desbancando Ricardo Nunes e chegando ao segundo turno.


As opiniões expressas neste artigo são de exclusiva responsabilidade do(a) autor(a) e não representam, necessariamente, a posição da Gazeta Arcadas sobre o tema. Somos um veículo plural, composto por pessoas com diferentes perspectivas políticas, e prezamos pelo respeito à diversidade e à democracia.


Texto revisado e editado por Ricardo Bianco.

 

 

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